terça-feira, 28 de maio de 2013

"Cura gay" - Inversão de prioridades e incitação ao ódio e preconceito





*Alan Junior de Queiroz

Em pleno século XXI os políticos de Brasília discutem sobre uma possível – e absurda – “cura gay”. A proposta do tucano João Campos (PSDB-GO) quer derrubar uma norma Resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP), de março de 1999, que proíbe que os profissionais façam tratamentos, ou qualquer terapia, com o objetivo de curar a homossexualidade.

O deputado federal Marco Feliciano trouxe o assunto como pauta na Comissão de Direitos Humanos. Alguns deputados e grupos religiosos apoiam a inacreditável iniciativa. Em contrapartida, a ala gay se manifesta e a temperatura sobe e as sessões são canceladas. Que babado!

Conforme essas propostas bizarras aparecem os seus idealizadores vem a público na tentativa de explicá-las. Só pioram as coisas. Entre as absurdas declarações, nota-se que os deputados (e religiosos) se confundem e não conseguem separar (ou melhor entender) a diferença de gênero e orientação sexual. O gênero se separa basicamente em homem e mulher, sem qualquer tipo adjetivos. A orientação sexual se refere como uma pessoa (não disse homem nem mulher, disse pessoa) se sente em relação a sua afetividade e sexualidade.

O Conselho Federal de Psicologia não proíbe os profissionais de atenderem homossexuais em seus consultórios, aliás, muitos precisam de apoio e ajuda para se aceitarem. Mas, a ideia de cura é inaceitável. Homossexualidade não é uma doença e isso é cientificamente provado. Inaceitável também são os discursos preconceituosos e a incitação ao ódio. Essa violência toda é muito mais preocupante do que dois homens ou duas mulheres de mãos dadas.

No dia 17 de maio de 1990 a Organização Mundial de Saúde (OMS) voltou a trás e retirou a homossexualidade da lista internacional de doenças, antes vista como uma doença mental. Por esse motivo que essa data é comemorado o Dia Internacional contra a Homofobia. Até os que chamam a homossexualidade de “opção” estão errados. Muitos gays já declararam que se tivessem a oportunidade de escolher jamais escolheriam ser como são.

Com tantas coisas acontecendo, a proposta de “cura gay” chega ser um insulto e um retrocesso social. Existem relatos de que antigamente rapazes eram enviados para reformatórios para “voltarem a serem héteros”. Nesses alojamentos eles aprendiam a fazer “trabalhos de homens” como, por exemplo, arrumar carros. Os que resistiam sofriam com sessões de eletrochoque e eram obrigados e assistirem pornô hétero. Alguns chegavam a serem obrigados a terem relações sexuais com prostitutas na presença do próprio pai. Muitos rapazes se suicidavam após serem confinados e sofrerem torturas.

Se em Brasília querem tanto discutir sobre doenças, então que discutam formas de melhorar a saúde pública. O governo deve investir mais em campanhas de prevenção e conscientização contra HIV, doação de sangue e órgãos, por exemplo. Será que Marco Feliciano, os deputados e líderes religiosos estão preocupados com as condições dos hospitais pelo Brasil ou com as crianças de rua viciadas em crack?

Independente da sua crença, ou de como sua religião ou seu Criador os descrevem, os homossexuais são, antes de tudo, seres humanos com sentimentos. Não é uma raça inferior e pecadora, ou uma anomalia da natureza. Não querem ser agredidos e mortos por causa sua condição sexual. Não querem viver escondidos e com medo. Não querem ser tratados como doentes. Os gays só querem ser considerados normais e aceitos. Querem ser ouvidos, amar e serem amados. Querem as mesmas oportunidades e o direito de se expressarem. E o mais importantes serem livres e felizes - pois esse direito ninguém pode tirar deles. O que precisamos, urgentemente, é de uma cura para todo esse mal que existe.

 *Alan Junior de Queiroz é estudante de Comunicação Social - Jornalismo da Faculdade do Norte Pioneiro(Fanorpi).

9 comentários:

  1. Este é definitivamente seu melhor texto , e acredite ,já li todos eles !! Suas palavras ,aliás ,a forma como as usa para expressar sua opinião de forma tão segura , nos passa a impressão de que seu ponto de vista é algo incontestável e imutável ,quando na verdade é somente o que você pensa . Alan meu querido ,você é realmente uma pessoa apaixonante : )

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  2. O texto é excelente! Claro e coerente. Muito bom! Não tenho nada a adicionar.
    É indignante que nos tempos que a gente viva, ainda haja preocupações desse tipo. Supõe-se que eles são instruídos o suficiente para acompanhar os avanços científicos e se darem conta de que não se trata de uma escolha, e tampouco é uma patologia. Há tantos assuntos e problemas sociais para que essas figuras públicas e políticas possam se preocupar em vez de insultarem a inteligência e a dignidade dos gays dessa maneira.
    Quanta mediocridade em nosso mundo, e menos mal que isso não é unânime.

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  3. "Adorei a forma como o texto explica as diferenças entre, gênero e orientação sexual, tenta mudar tantas coisas sem nexo, e esquecem de melhorar o que precisa de atenção. Querem curar a nós, porque acham somos diferentes, somos diferentes sim, eu sou diferente, cada pessoa é diferente, não fomos feitos iguais fomos feitos livre, para amar e seguir o que acreditamos. Tentei expressar oq sinto"

    joaohorn_stz@hotmail.com

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  4. olá alan,realmente vc é sem dúvida uma pessoa inteligente e admiravel,olha só, queria aproveitar esse espaço para dizer que respeito muito os homossexuais,sou hétero e evangélica e pessoas como esse marco feliciano realmente não me representa,tenho vergonha dessa classe que usa o nome do SENHOR para justificar seus preconceitos,essa série que vc postou a QAF me ajudou com certeza a entender melhor e respeitar os homossexuais,vc está fazendo um ótimo trabalho de conscientização, parabéns.

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  5. concordo com tudo que disse. sou hetero e nao concordo com a discriminação,
    ja entrei diversas vezes em discussões para defender, o direito e a vontade dos homossexuais.

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  6. adoro o teu ponto de vista e francamente quem precisava de tratamento eram essas pessoas há gente que não tem mais o que fazer e fica perdendo tempo tentando arruinar a vida dos outros.

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  7. Muito bom o Texto Alan, porém não me considero como sendo orientado a ser gay!!! acho que essa classificação ainda é algo bem complicado de se estabelecer, até mesmo porque como dito no seu texto não fazemos essa escolha, como disse não fui também orientado a ser gay, tenho em minha mente que se fosse realmente orientado eu teria desde a minha infância orientado a ser gay e não hétero, de acordo com os conceitos que a sociedade impõe. Então acredito que nesse momento o que melhor define tudo que nos classifica seria de fato uma condição!! somos condicionados a ser homossexuais devido a algum fator cientifico ainda não tão bem esclarecido ou estudado. Lembrando que não fomos obrigados, são fatores como disse que nos condicionam a essa questão de gostarmos de pessoas do mesmo sexo.

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  8. Lindo vai ser o dia em que a homossexualidade vai ser tão bem aceita que quando alguém falar que é gay ninguém dará bola. Será tratada como mais um assunto normal como qualquer outro e ninguém vai falar mal.

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  9. ótimo texto. só acredito que poderia ser revisto "O gênero se separa basicamente em homem e mulher, sem qualquer tipo adjetivos. " pois o gênero trata-se de uma construção social, feminino e masculino, já homem e mulher é o sexo, refere-se ao biológico, parecem sinônimos, mas não são (academicamente falando). Ex.: gays tem relacionamento com pessoas do mesmo sexo e não do mesmo gênero, já que existem muitas formas de manifestação do gênero como feminino (afeminado), andrógeno...

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