quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Antônio Bordignon: empresário transformou nome em marca

Casal Bordignon e os sete filhos (divulgação)
 *Alan Junior de Queiroz

Aos 18 anos um rapaz deixou a fazenda onde viveu com os pais e mais três irmãos para tentar a vida na cidade. Ficou para trás o trabalho pesado da roça e tornou-se aprendiz de mecânico. Com um olhar ampliado, enxergou a oportunidade em abrir sua própria empresa. Ele se tornou um empresário bem sucedido, transformou seu nome em uma marca e ficou milionário. Essa é a trajetória de Antônio Bordignon que neste ano completará 80 anos. 

Filho de fazendeiro, Antônio foi forçado a trabalhar desde criança. “Não gostava da roça, mas se eu não fosse, apanhava”, recorda. A precoce iniciação no trabalho fez com que abandonasse na 4ª série do fundamental a escola rural. Desde então não voltou à sala de aula. “O estudo dele foi à vida, que lhe ensinou muita coisa” diz a mulher Amália Zanini Bordignon, 71 anos. 

As histórias dos empreendedores são, comumente, construídas com muito trabalho. Com Bordignon não foi diferente, construiu sua marca pessoal poderosa à base de madeira, tijolos, areia, cimento e tudo o que aparece numa lista de materiais para construção. Dono da rede de lojas Construcasa Bordignon, hoje observa na sombra todas elas serem administradas pelos filhos.

Primeira sede da Bordignon e a atual matríz em Quatiguá. (foto: divulgação)

A veia empreendedora revelou- se em 1957 quando resolveu abrir uma cerealista. No inicio comprava e vendia cereais e laranjas com um caminhão que havia ganhado do pai. “Meu começo de vida foi difícil”, relata.  Em 1975 a cerealista se transformou em madeireira. Antônio aproveitou a oportunidade para ampliar os negócios depois de ver a dificuldade que os moradores de Quatiguá tinham para erguer construções. Sem concorrência, o negócio deslanchou. Sua mulher Amália lembra que no começo o maior problema foi a inadimplência dos clientes. Apesar disso, a empresa cresceu, ganhou filiais e fechou parcerias com as melhores marcas do ramo e fornecedores. Em 2005 receberam uma proposta e venderam as duas lojas de Londrina para o grupo multinacional francês Saint Gobain. Hoje a Construcasa Bordignon têm 380 empregados e uma frota de, aproximadamente, 50 caminhões. Antônio diz que passou o controle das lojas para os filhos, mas na prática, nunca se afastou do negócio que é considerado líder do varejo da construção em toda região do Norte do Paraná. “O nosso diferencial é o mix de produtos oferecidos, preços e formas de pagamento”, diz Roberto Zanini Bordignon, filho responsável pelo grupo. 

As pessoas mais próximas descrevem Antônio como um homem atencioso, honesto, econômico e, exigente com horários e prazos. Família e saúde são suas prioridades. “Está sempre pronto para ajudar quem o procura. É como um pai pra mim” declara Rosemere Rouiller, funcionária há duas décadas. Para trabalhar na empresa esforço é uma característica indispensável; a compensação vem como bônus no salário. 

Antônio Bordignon e sua mulher Amália Zanini (divulgação)
O empresário tem um estilo de vida e uma rotina tranquila, passa maior parte do dia em casa. De manhã, lê os jornais O Estado de S. Paulo e Folha de Londrina. Apesar de a leitura ser um dos lazeres preferido, nenhum livro de ficção conseguiu prendê-lo até o fim. Em contrapartida, afirma já ter lido a bíblia três vezes. 

Aos 24 anos, conheceu a senhora Bordignon durante um baile. A mineira havia pedido para que segurasse a blusa enquanto dançava. Rolou uma química e logo engataram um namoro. “Ele foi meu único namorado”, garante Amália. Durou nove meses até se casarem, a pedido do pai dela. “Ele é um homem perfeito pra mim”, declara. O casamento perdura há 55 anos e teve como frutos sete filhos - dois de criação. “São uma benção, as coisas mais preciosas para nós”. 

Assim como qualquer pessoa na sua idade, tem limitações físicas e psicológicas, mas afirma não ter medo da morte. Diagnosticado com problemas renais e talassemia - doença que afeta o sangue, procurou médicos do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, para se tratar. Desde o começo do ano, Antônio tem acompanhamento 24 horas de três enfermeiros que se revezam e o ajudam. “Ele não queria, mas a família decidiu que era melhor”, diz a mulher.

Hoje Antônio está rico, muito rico, embora prefira não falar sobre o assunto. "Mas garanto que comecei do zero". E revela os alicerces de uma boa administração de bens, família e empresa:
planejamento, economia e honestidade. “Muitas pessoas que começaram comigo não foram para frente, gastaram dinheiro à toa”, compara. Biografias de empresário do quilate de Antonio Bordignon
inspira e encoraja novos empreendedores que procuram além de construir uma carreira de sucesso, uma forma de mudar a realidade.


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Antônio Bordignon morreu aos 83 anos - Ele sofreu um AVC no em 30/12/2015. 


Perfil publicado originalmente no jornal laboratório "Primeira Impressão" Nov/Dez 2012 da Fanorpi.
*Alan Junior de Queiroz é estudante de Comunicação Social - Jornalismo da Faculdade do Norte Pioneiro(Fanorpi).

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